Os mestres da escola de Nápoles
 
Por Elysius
Politica Romana 2 / 1995
 
PASQUALE DE SERVIS
 
P S
 
 
A família Formisano hospedava há muitos anos em sua casa de Portici, como um membro da família, um homem solitário, Filósofo Hermético, sapientíssimo conhecedor de Alta Magia, homem de sentimentos elevadíssimos e de bondade excepcional: Pasquale De Servis, conhecido no Hermetismo com o hierônimo de IZAR BNE ESCUR.
 
Gaetana Argano, mãe daquele Ciro Formisano que se tornou depois o célebre Giuliano Kremmerz, embora alimentada pela religiosidade católica extremamente convencional e quase fanática da província napolitana, com inata sensibilidade intuiu a grandeza do velho, com o qual não compartilhava as ideias religiosas; mas, apreciando o sentimento excelso e a grande ciência, sempre o assistiu de forma amorosa.
 
De Servis era, por outro lado, muito afeiçoado ao jovem Ciro, o qual permaneceu fascinado pelo velho sábio desde a infância. Dele hauriu os primeiros ensinamentos de magia, tornando-se seu discípulo. Certamente Kremmerz sempre fala desse Mestre com a mais profunda veneração, e podemos considerar que por ele foi iniciado à prática transmutatória. O próprio Izar é considerado unanimemente o verdadeiro autor daquelas “Lunações”, assinadas pelo “Anônimo Napolitano”, que Kremmerz publicou recusando sempre a paternidade.
 
Quem era De Servis? Qual sua filiação iniciática?
 
Pasquale De Servis, nascido em Caserta, em 5 de outubro de 1818, se dizia filho do falecido Rei Francisco I de Bourbon de Nápoles, filho de uma empregada da residência real de Caserta, Angela Fiorini. Dizia-se discípulo alquimista da Escola Napolitana Oculta de Raimondo De Sangro di Sansevero (morto em 1771), de seu filho Vincenzo de Sangro (morto em 1790) e de seus primos D’Aquino de Caramanico: Luigo (morto em 1783) e Francesco (morto em 1795).
 
Graças ao poderoso pai, que foi Soberano de Nápoles, a madre obteve a possibilidade de fazê-lo estudar na escola militar para suboficiais bourbônicos, no exército de Nápoles, por quatro anos, de onde saiu com a graduação de 2º sargento do Gênio Militar.
 
Foi promovido a Alferes (subtenente do Gênio Militar Ferroviário Bourbônico), após haver finalizado a estação ferroviária de Castellamare de Stabia e a de CAserta, recebendo a cruz de Cavaleiro de Francisco I de Bourbon pela esplêndida construção da ponte metálica suspensa sobre o rio Garigliano; com a conclusão do tronco ferroviário de Nocera em 1844, recebe a promoção de tenente do Gênio.
 
Por suas simpatias carbonárias, sai como voluntário para combater os Austríacos na Lombardia, e se retira para Turim quando a guerra foi perdida, preferindo sucessivamente emigrar para Paris. Em França encontra o patriota e príncipe Michele Capecelatro de San  Paolo Belsito próximo de Nola, exilado de Nápoles, o barão Spedalieri de Catânia, e o advogado Giustiniano Lebano, outro exilado político.
 
Retorna a Nápoles em 1860 com Giustiniano Lebano, e vai viver na casa dos Formisanos, onde assiste ao nascimento de Ciro em 1861. Pasquale De Servis se torna seu preceptor.
 
Os contatos com Lebano são constantemente mantidos por todo o arco de sua vida, primeiro em Portici de 1867 a 1870, depois na “Villa Lebano”, quando foi comprada uma propriedade na via que vai de Torre Annunziata a Boscotrecase, onde Lebano fez construir aquela villa que, tornando-se ativo centro de estudos, permitiu restabelecer o novelo de Ariane, considerado partido através de dois milênios de cultura vulgar, o que permitiu chegar, graças à justa interpretação das obras dos antigos Vates, ao conhecimento da antiga Sabedoria Arcana. Isso foi tornado possível porque, desde os mais remotos tempos, Nápoles foi um centro proeminente daquela espiritualidade clássica que, perpetuando-se ininterruptamente através dos séculos e por misteriosos canais invisíveis, chegou afinal aos nossos tempos. Pasquale De Servis morreu em 28 de fevereiro de 1893.
 
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